Não quero escrever nas tuas folhas amarelas e mortas

Não quero escrever nas tuas folhas
amarelas e mortas.
Quero escrever no verde dos teus brotos.
Quero sentir-te, acariciar os teus ramos,
abraçar o teu tronco,
Quero sentir o vento que te penetra renovando-se.
Não! Não quero escrever nas tuas folhas
amarelas e mortas.
Quero escrever com orvalho nas tuas flores,
e sentir na ponta do pincel a suavidade do veludo
das tuas pétalas.
Quero cantar às tuas raízes, embalá-las
no seu sono silencioso,
e quero que me mostres a beleza do mundo
do cimo da tua copa.

Quero ser como tu, quando for grande,
deixar para trás as cascas velhas, e crescer
na direcção da Luz,
com a serenidade das raízes bem cravadas na terra,
numa entrega perene.
Mas não quero escrever nas tuas folhas
amarelas e mortas.
Quero escrever na alvura do livro da vida
com palavras luminosas,
dessas que nascem todos os dias
com o pulsar do Coração.

Del poeta amigo Jose Dimas


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